CAP.. - III - O CACIQUE
Parece que uma grande comitiva de recepção me aguardava na aldeia ou seria somente curiosidade dos "condôminos"? Todo o povo da aldeia estava na grande praça e em outros pontos de observação. Reparei que todos se vestiam a "carater"como se a minha chegada a aldeia fosse uma grande ocasião. Quero dizer, imaginava índios seminus, ou usando minusculas tangas mas, o povo limpo e bem vestido que vi na minha frente me deu a entender que aquele era um dia festivo. Apesar de que suas vestes, tando as dos homens como as das mulheres,serem feitas de peles, talas de madeira ou fibra trançada, tinham um colorido variado, bonito de se ver. As mulheres usavam os cabelos bem penteados ou armados com tranças bem feitas e ornados com flores silvestres. Os anciões, tinham os cabelos lisos e branco com neve. Os mais moços usavam umas tangas de fibras e tinham o dorso nu pintados de desenhos coloridos. "Guerreiros", pensei no entanto, estavam desarmados e não demonstravam nenhum tipo de hostilidade. Só as crianças pequenas, estavam completamente nuas, mesmo assim, aparentavam bem cuidadas, cabelos bem cortados. Legítimos curumins.
Me senti um pouco encabulado e envergonhado por estar todo descabelado, barbudo e usando trajos andrajos que mal cobria meu corpo sujo. Mesmo assim, o povo sorria para minha e dava passagem respeitosamente fazendo acenos amistosos. Dois anciões se adiantaram e fizeram sinais aos dois "soldados" que me escoltavam e assumiram o comando da minha guarda. Fui guiado por entre a multidão que respeitosamente davam passagem. Uma criança tentou quebrar o protocolo e se aproximar de mim mas foi contido pela mãe que sorriu para mim e ficou afogando carinhosamente a cabeça do menino. Os anciões, sempre fazendo gestos me conduziram para fora da aldeia, pelo lado do portão norte.Seguimos por um caminho tortuoso que subia uma pequena elevação. Se aproximavam as 18 horas e o sol já se punha atras das montanhas. Um lindo crepúsculo. Eu estava muito cansado pois a jornada de 30 km pela floresta que fora bastante puxada para mim que estava mal alimentado a muito tempo. Os meus sapatos rotos já não serviam mais para proteger os meus pés e logico não ajudavam em nada na indumentaria. Eu arrastava os pés atrás dos velhotes que comparados a mim, pareciam jovens escoteiros seguindo a trilha. Por que diabos estamos deixando a aldeia novamente? Não fiz essa pergunta formalmente, mas suponho que se tivesse feito minha curiosidade não seria satisfeita pois os velhotes pareciam que eram mudos. Não falavam nada, eu gostaria de saber para onde estariam me levando. De volta para a floresta? Quando o caminho fez uma curva atras de uns arvoredos, avistei uma grande casa em estilo colonial, toda rodeada por um alpendre. Era uma típica casa de fazenda, se bem que deslocada uma vez que estávamos em plena floresta amazônica. Na varanda da frente, estava sentado em uma grande cadeira de balanço, um homem branco aparentando uns 40 anos, vestido de calças de couro mas com o peito nu. Tinha na cabeça um bonito cocar de penas. O homem acenou para que eu me aproximasse então subi os 3 degraus de tronco rustico e me apresentei diante do cacique.
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