Atualmente sou um vendedor de temperos. As pessoas vem a mim atrás de especiarias especiais para temperar pernil, peru, carnes, frangos, peixes e saladas. Como velho malandro, recomendo Tempero Baiano, um composto de sete ingredientes que acredita-se que serve para tudo. Algumas clientes mais refinadas procuram alecrim, tomilho, molho tártaro etc. Existe umas combinações especiais produzidas pela industria que tem seu publico cativo: Ana Maria, Edu Guedes, Shamishure e outras enganações promovidas pelos Chefs em programas de TV. E tem ainda o vasto acervo industrial, Arisco,Agimomoto, knor, Shoio, molho inglês, vinagre, azeite... chega, todo mundo sabe disso. Na verdade o que realmente dá sabor é o tempero mais antigos de todos, ou seja o sal. As vovós dão suas sábias opiniões mas ninguém que mais ouvir. Praticidade é a prioridade. Ninguém quer mais machucar sal grosso com alho em pilãozinho de pau.
Na nossa ceia de Natal eu fiquei observando as pessoas degustarem os diversos pratos servidos: peru, pernil, tortas, saladas, maioneses, frutas, tudo junto e misturado e ainda acrescentando aos diversos sabores, um baita copo daquele xarope escuro chamado Coca Cola. Depois vieram vinho, champanhe, sorvete e não faltou a famosa gelatina Por do Sol. Isso foi tudo? Claro que não, pois antes foram servidos canapés, petiscos de queijo, salame e azeitona e uma cervejinha porque ninguém é de ferro. E aqueles temperos específicos usado em cada prato diferente? Onde foi parar o sabor específico? Foi tudo aglutinado, enfiado goela abaixo, sem nenhum respeito pelas qualidades aromáticas e de sabor de cada um. O fino paladar humano, que de fino não tem nada, engole tudo como animal que é. e tudo vai fermentar no estômago. No dia seguinte quando a gente vai aliviar, percebe que toda aquela produção gastronômica que custou uma nota, não passa de uma pasta amarela e ainda deu cólica
É muita fartura, graças a Deus. Deus? Comemos que nem padre e ainda ousamos falar em Deus? Jesus nasceu numa estrebaria e o primeiro cheiro que sentiu foi o de estrume. Na véspera de Sua morte, Sua ceia foi um pão duro que dividiu com os apóstolos...
Não sei de onde saiu essa cultura de se empanturrar no Natal e na Sexta Feira Santa. Acho que tem um dedo comercial em tudo isso. Só pode ser, senão, como a industria iria sobreviver sem esse consumo exagerado? Passam o ano inteiro se equilibrando na corda bamba, só lhes resta o Natal para fechar as contas e sair do vermelho. E começa tudo de novo. Ainda bem, pois não vejo a hora de vir outro Natal para ter mesa farta novamente. Perdão Senhor.
Caro Vicente, tomo a liberdade de lembrá-lo que deixou de citar o ingrediente/tempero mais importante do Natal: a reunião familiar e solidária ao molho de muito amor. Abraços
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