Cada Hora Uma desembarca agora num dos mais belos cartões postais de São Paulo, o Vale do Anhangabaú. Mesmo quem não mora em São Paulo, pode se dizer que o conhece pois de volta e meia é mostrado pela TV para todo o Brasil uma vez que por ali se realizam com frequência, grandes eventos culturais promovidos pela prefeitura em dias festivos como Iº de Maio, Dia das Mães etc. Também, é constantemente palco de manifestações políticas e encontros sindicais em geral e ou quando a TV pretende reportar os constantes congestionamentos do Corredor NORTE/SUL. Se é assim tão conhecido, o que mais temos a falar sobre o Vale? Oh! Sim, temos muito que falar, tanto que esta página é pequena para caber o conteúdo. Mas vamos ao básico e para isso vamos voltar um pouco no tempo:
Durante a colonização, o antigo Riacho Anhangabaú já era motivo de controvérsias entre os convivas que habitavam a região. A começar pelos índios que o consideravam amaldiçoado por maus espíritos tanto que o nome vem do Tupi-Guarani Anhanga-ba-y (rio dos maléficos do diabo),pois o espírito de Anhangá contaminava a água do riacho, provocando doenças. Logicamente, se descobriu muito tempo depois, que a água por ser salobra, não era apropriada para o consumo e provocava sérios desarranjos intestinais.
Amaldiçoado ou não o vale foi motivo de desavenças, principalmente por causa da construção da ponte do Chá, idealizada em l877 e que só foi inaugurada em l892 justamente por causa das discórdias entre os figurões da época. O barão de Tatuí, morava onde hoje é a Rua Libero Badaró e era contra a obra pois com a construção da ponte, sua casa deveria ser demolida. Do outro lado, moravam outros ilustres, entre os quais, o Marechal José Arouche de Toledo, que cultivava Chá da Índia e, provavelmente seria o mais interessado na obra. Finalmente, após 15 anos de debates, a ponte foi finalizada, uma armação de ferro forrada de madeira.Após 36 anos ( l938 ) a velha ponte foi reconstruída em concreto e, deu origem ao que é hoje o Viaduto do Chá.
Bom, quem disser que as maldições do Vale eram coisas de índios é bom lembrar os trágicos incêndios que ocorreram nas imediações do Anhangabaú: edifício Andraus (l972), l6 mortos e 330 feridos. Edifício Joelma (l974), 179 mortos e 300 feridos. E tem mais, o edifício Martinelle é mal assombrado. O prédio da Câmara também tem fantasmas pois dezenas de cadáveres, vítimas do incêndio do Joelma, ficaram expostos por lá. A avenida São João é hoje em dia degradada pela cracolândia, mas isso são outros Quinhentos. Com todas estas maldições, o Vale é lindo. Foi aqui que em l967 que eu vi pela primeira vez luzes de Neon. Dizem que o velho Riacho Anhanga-ba-y ainda corre por baixo do asfalto, com ou sem maus espíritos. O vale é lindo, pode conferir. Foi recentemente remodelado, o trafego de veículos passa por baixo do vale por um extenso túnel, acima do qual encontra-se um belo espaço público conforme imagem.
Fonte da imagem: Wikipedia.