quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

SETE CRUZES



Hoje estou saindo um pouco do perfil de minhas reportagens por não ter tido tempo de pesquisar um assunto. Sendo assim, vasculhei as minhas gavetas e estou postando um trecho do conto O MENINO CHORÃO. Esse conto surgiu a partir de uma lenda do Bairro CHORA MENINO, na Zona Norte de São Paulo. A fonte pesquisada é verdadeira e a partir daí, ficou por minha conta, contar uma historia fictícia sobre um menino que chorava, chorava, chorava... em outra oportunidade, posso resolver postar toda a história do MENINO CHORÃO em capítulos. Aguentem.
SETE CRUZES. Estou tentando contar uma história de lendas e mistérios e parece que o assunto atrai a medida que a gente entra na pauta. Da cidade de Suzano para chegar à estrada Caminho do mar, normalmente se utiliza  a Rodovia Índio Tibiriçá mas, não sei porque cargas d`água nossa equipe resolveu utilizar uma rota alternativa. Foi assim, que conheci a Estrada de Sete Cruzes, uma via cheia de curvas que atravessa uma região de muitas hortas. Esta estrada inicia-se no bairro Casa Branca (Suzano) e termina do bairro Quarta Divisão (Ribeirão Pires). Algum tempo depois, esta via  tornou-se para mim bastante familiar, uma vez que tendo prestado algum serviço de vendedor ambulante, acabei utilizando esta estrada muitas vezes depois. Mas naquele dia, era tudo novidade. A estradinha, praticamente deserta, atravessa a mata e, aqui acolá, abre´se uma clareira e as plantações de alface enche os olhos da gente por causa do tapete verde. É muito bonito de se ver. Depois que terminam as plantações, a estrada penetra numa zona de floresta (Mata Atlântica) e as curvas tornam-se cada vez mais acentuadas. Desemboca na Estrada do Sapopemba, que por sua vez, conduz o tráfego até  Ribeirão Pires. O que me chamou a atenção nesta estradinha, além da tranquilidade de trafegar por uma via sossegada, sem muito movimento e ainda alegrando os olhos por causa das hortaliças, foi o próprio nome: Sete Cruzes. Um nome arrepiante. Já se imagina um terrível acidente em uma daquelas curvas, onde fatalizaram sete vítimas, uma vez que o nome da estrada insinua isso. Curioso como sempre, procurei me informar porque uma estradinha tão bonita ganhara um nome tão macabro. De volta aos velhos mitos:"foi por isso", "foi por quilo", o fato é que pouca gente sabe esclarecer alguma coisa. O que há de concreto mesmo é que está em curso a criação do Parque Estadual de Sete Cruzes abrangendo uma área de Mata Atlântica, atingindo os municípios de Suzano, Ribeirão Pires, Mauá e São Paulo. Parte desta grande mata, já foi destruída para construções de moradias, ao que me parece , onde se situa o gigantesco Conjunto Habitacional do C.D.H.U, conhecido como Cidade Tiradentes. A criação deste parque, é para preservar a floresta onde viveram os índios Pés-Largos e também os Índios Guaianazes. E as Sete Cruzes? Não vi nenhuma, apesar de ficar sabendo que "há um alto índice de acidentes" no entrocamento com a Estrada de Sapopemba. Ao chegar em Ribeirão Pires, fizemos um pequeno tour gratuito. Tem o aconchegante Hotel Pilar, incrustado no meio da mata, tem a famosa Igreja do Pilar no alto de um morro e há uma estátua de lata que eu não tive oportunidade de saber em que inspiração o artista teve para criar a estranha figura bem ali no final da Estrada do Sapopemba, que começa lá próximo do Cemitério 4ª Parada, em São Paulo, percorre todo esse mundão da Zona Leste, penetra na floresta e vai acabar na Estátua de Lata, em Ribeirão Pires. Toda esta exposição geográfica da região, serve apenas para demonstrar o quanto O MENINO CHORÃO percorreu para chegar até a  Serra do mar, atravessando florestas, enfrentando todos os perigos da mata, feras, cobras e índios
Deixando para trás o Parque Estadual de Sete Cruzes, chegamos finalmente ao outro parque florestal o Parque Estadual da Serra do Mar onde prendíamos encontrar algumas velhas trilhas dos caminhos do mar. Agora não há mais estradinhas graciosas, não há mais hotéis bonitos, tão pouco feios, não há mais igrejas famosas, somente grotas e mosquitos.

PS. O conjunto habitacional referido é da COHB e não C.D.H.U, correção feita pelo leitor Alex Teixeira.



... de trás das moitas não havia nada, só os soluços.